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Parentes, poder e afastamento: os bastidores da guerra entre Dino e Brandão

Muito antes de ser excluído da lista de convidados para o casamento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), já acumulava desentendimentos com seu antigo aliado. O ponto central da crise foi a nomeação de 16 parentes de Brandão para cargos na gestão estadual, situação que gerou atritos e acabou sendo levada ao STF. Sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, cinco dessas nomeações já foram invalidadas, enquanto as demais ainda aguardam julgamento.

Parentes em destaque e as disputas políticas
As divergências ganharam maior proporção quando Brandão assumiu o governo do estado. Dino, que havia articulado a reeleição de Othelino Neto (PCdoB) para a presidência da Assembleia Legislativa — movimento que incluía apoio a aliados como a senadora Ana Paula Lobato —, foi surpreendido pela candidatura de Iracema Vale, incentivada por Brandão.

Uma vez eleita, Iracema Vale tomou decisões que acirraram o clima de animosidade. Ela conduziu a votação que escolheu Daniel Brandão, sobrinho do governador, para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA). Embora a Justiça tenha posteriormente barrado a nomeação, o movimento foi visto como um sinal de favorecimento familiar. Além disso, Vale indicou Marcus Brandão, irmão do governador, para a diretoria de Relações Institucionais da Assembleia.

Aproximações incômodas e alianças conflitantes
Marcus Brandão é uma figura-chave na crise. Atualmente presidente estadual do MDB, Marcus tem liderado o partido em um movimento de reaproximação com a direita, incluindo o PL e figuras ligadas ao clã Sarney — antigos adversários de Dino.

A influência crescente de Marcus ofuscou planos de Dino de fortalecer aliados, como o vice-governador Felipe Camarão (PT). Havia um acordo inicial para que Brandão renunciasse ao governo em 2026, abrindo caminho para que Camarão assumisse o cargo e disputasse a reeleição como governador. Contudo, Brandão tem dado sinais de que prefere postergar a decisão e, em vez disso, cogita Orleans Brandão, seu sobrinho e filho de Marcus, como um possível sucessor.

O casamento e os reflexos políticos
O distanciamento político chegou ao ápice com a exclusão de Brandão da lista de convidados para o casamento de Flávio Dino, marcado para este sábado. Apesar de outros políticos terem sido convidados, aliados de Dino afirmam que a cerimônia será íntima e familiar, minimizando o impacto da ausência de Brandão.

A relação entre os dois, que trabalharam juntos por sete anos, tem sido marcada por encontros raros e frios. Neste ano, os dois estiveram juntos publicamente apenas em duas ocasiões: na posse de Dino no STF e no casamento de Sebastião Madeira, secretário-chefe da Casa Civil do Maranhão, em que ambos foram padrinhos.

Próximos passos e expectativas
Aliados de Dino acreditam que uma reunião entre os dois líderes pode ocorrer em dezembro, com o tema da sucessão estadual como pauta principal. Ainda há a esperança de que o nome de Felipe Camarão volte a ser considerado, mas o cenário permanece incerto. O distanciamento crescente e as disputas familiares indicam que a reconciliação política entre Dino e Brandão está longe de ser simples.

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